Escolinhas de times cariocas atraem mais jovens do que clubes locais em Manaus

18 Dez 2011 . 09:55 h . Diogo Rocha . 
Manaus - A falta de visibilidade nacional do futebol amazonense, em função da longa ausência de clubes locais nas Séries A e B do Brasileirão, não só afugenta os jovens torcedores dos estádios em Manaus como os distancia das agremiações e os aproxima das escolinhas de grandes clubes cariocas. Sem formação das categorias de base, os clubes amazonenses forçam a migração para filiais de Flamengo, Vasco e Botafogo.

Vasco tem mais adeptos que o Flamengo

          Clubes de maior torcida em Manaus, Flamengo e Vasco quase empatam em número de alunos matriculados nas respectivas escolinhas. O Cruzmaltino leva vantagem com 150 crianças e adolescentes, entre meninos e meninas. O técnico e coordenador Josivaldo Rodrigues, 28, afirma que a quantidade de alunos é sazonal. “Geralmente, é só no período de recesso escolar, como em julho e dezembro, que há mais matrículas”, declarou.
          A unidade do atual vice-campeão brasileiro funciona no Planeta Bola, no Alvorada, zona centro-oeste de Manaus. Segundo Rodrigues, o maior recorde da escolinha foi de 320 jovens matriculados em 2010. “Foi quando fizemos uma excursão à sede do Vasco no Rio de Janeiro. Muitas crianças que não estavam na escolinha se matricularam para ter a chance de viajar e conhecer São Januário (estádio do clube) e alguns jogadores do time profissional”, explicou o treinador.
          A excursão faz parte do pacote de colônia de férias do clube, o Vasco Camp. “Faz dois anos seguidos que vamos à colônia de férias. Passamos uma semana lá, sendo que além de conhecer a estrutura do time, os alunos participam de clínicas de futebol e se forem bem em campo podem seguir no mínimo um mês no Vasco para testes”, comentou Rodrigues.
          O goleiro Tasso de Luca, 13, é um dos raros casos da escolinha do Vasco em Manaus que conseguiu se destacar e atualmente joga pela equipe mirim do Gigante da Colina. “As escolinhas fazem um trabalho mais lúdico com fundamentos do futebol. Nossas prioridades são promover a saúde e lazer e, por último, a iniciação esportiva. Então, para um aluno de escolinha despertar o interesse de um clube famoso precisa ter antes de tudo talento para se sobressair”, analisou Rodrigues.
          O baixo aproveitamento dos alunos da escolinha no Vasco tem uma explicação simples. “Consultei treinadores e supervisores do Vasco, todos foram unânimes em afirmar que o clube quer jogadores prontos. Eles não querem ter trabalho em ensinar tudo, querem só lapidar o potencial dos atletas”, revelou o treinador.

Times sem prestígio em Manaus

          Um consenso entre os alunos das escolinhas do Flamengo, Botafogo e Vasco, consultados pelo Portal D24AM, é o desinteresse em jogar por clubes profissionais do Amazonas. Sem visibilidade e um Estadual deficitário, o futebol local não atrai adolescentes.
          De volta à unidade da escolinha do Vasco, em Manaus, o centroavante Denys Kliver, 15, ficou perto de concretizar o sonho de jogar por um clube de renome e prestígio. “Meu pai pagou minha hospedagem lá no Rio, em frente ao Estádio de São Januário. Fiz testes por um mês e só não fiquei porque os jogadores de lá têm um porte físico maior e são mais fortes. Vou regressar ao Vasco e não vou desistir de jogar por um clube grande, aqui no Amazonas não há futuro. Ninguém te ver atuar”, declarou Kliver.
          O atacante Rodrigo Bentes Franco, 14, tem motivo especial para sonhar pelo Vasco. Ele deixou Itacoatiara (a 176 quilômetros da capital) para estudar em Manaus e entrar na escolinha. “O meu pai já faleceu e um sonho dele era me ver jogar pelo Vasco”, contou Franco, que é botafoguense de coração e aceitou ‘virar-casaca’ pelo pai.

Fonte: d24am.com

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